segunda-feira, 30 de maio de 2011


RELATOS DE UM CÁRCERE, JUSTIÇA SEJA FEITA

Narrarei alguns acontecimentos que ocasionaram mudanças em minha vida, tanto na maneira de viver, como na maneira de pensar e encarar tudo o que acontece e aconteceu em minha vida e/ou ao meu redor.

Vivi momentos e descobrimentos, os quais nunca haviam imaginado existirem, e sei que a maioria das pessoas desconhece. Locais e momentos onde passei por série de sensações, como desejo de liberdade, medo, anseios, tristezas, algumas alegrias, desesperos, esperança e revelações, as quais, fizeram-me rever todos os conceitos que até então, acreditava ou mal conhecia conceitos que sei que vão mudar minha vida, e essa mudança já começou à muito tempo e a paz espiritual já me envolve.

Não sou escritor, mas estou escrevendo isto para que alguém algum dia saiba lendo isso e utilize da melhor forma e quem sabe meus filhos e pessoas que me amam , saibam da realidade nua e crua, e reflitam melhor sobre a vida, onde quem sebe poderá evitar acontecimentos infelizes se conhecerem as causas, e principalmente controlar os impulsos da melhor maneira possível.

Atualmente estou preso no presídio militar do estado de Goiás. Fui preso a três anos , sendo que primeiramente passei uma temporada de dez meses preso neste mesmo presídio antes de ser transferido para uma penitenciária de segurança máxima ( PENITENCIÁRIA FEDERAL DE CAMPO GRANDE-MS ) e lá fiquei junto com os páreas da sociedade, os bandidos mais perigosos do Brasil. Fiquei lá por um período de dois anos, sendo transferido de volta para Goiás, por determinação do MM Juiz Federal da referida penitenciária, transferência por motivos de saúde mental , pois minha saúde mental estava debilitada devido ao sistema rigoroso ao qual estava sendo mantido, cheguei ao extremo , ao ponto de tentar suicídio por algumas vezes (04). E ao me retornarem para o estado de Goiás, o sistema penitenciário estadual, determinou que eu ficasse no Núcleo de Custódia Prisional, onde se encontram os bandidos mais perigosos do Estado, sendo considerado o Presídio de Segurança Máxima do Estado. Fiquei nesta unidade penitenciária por cinco dias até que as autoridades me transferissem para onde eu realmente deveria estar, que é no presídio militar, por eu ainda ser militar da ativa.

Prestei concurso para sargento da Polícia Militar do Estado de Goiás no ano de 2002, sendo aprovado e começando o curso em 14/10/2002 e me formando em 07/09/2003, porém 11 meses de curso de formação. Após formado fui trabalhar na Força Tática do 1º Batalhão, ficando nesta por um mês e em seguida transferido por interesse próprio para o 15º BPM em Jataí-GO. Lá trabalhei um ano nas rádios patrulhas e durante este tempo sendo reconhecido meu trabalho e até recebendo uma moção de aplausos , um diploma elogioso de POLICIAL DESTAQUE DO ANO DE 2004. Após ter recebido este elogio fui convidado pelo comandante do GRUPO DE PATRULHAMENTO TÁTICO ( GPT ) e pelo comandante do Batalhão para participar do GPT. Assim aceitei e fui estagiar no GPT, sendo que este estágio durou dois meses. Após o estágio comecei a trabalhar comandando uma equipe tática do grupo. Durante o período em que estive no grupo enfrentei várias ocorrências de vulto, como chamamos as ocorrências mais perigosas, que envolvem indivíduos armados, sequestros, roubos, e demais ocorrências. Já estive no embate, cara a cara com bandidos armados e desferindo tiros contra minha pessoa. Em dezembro de 2004, participei do atendimento de uma ocorrência de roubo de uma motocicleta, onde recuperamos a mesma e durante o atendimento da ocorrência houve troca de tiros com o autor do roubo, sendo o mesmo alvejado e socorrido ao pronto socorro municipal, sendo que o mesmo não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. O indivíduo era foragido da justiça e possuidor de uma ficha criminal de dar inveja em qualquer bandido, já havia sido preso por vários crimes como roubo, furto, homicídio, estupro e tráfico de drogas. Além desta ocorrência de vulto houve várias outras que inclusive me renderam vários elogios em minha ficha policial individual.

No inicio do ano de 2005 fiz um curso no Batalhão de ROTAM ( Curso Operacional de ROTAM, COR/05 ), curso este que me habilita a ser instrutor de patrulhamento tático de ROTAM, tendo eu feito uma reciclagem com os componentes do GPT de Jataí e ainda ministrando um estágio para os novos integrantes do grupo. Onde passei o os conhecimentos obtidos no curso para o máximo de policiais que consegui, ou que queriam aprender, reciclar seus conhecimentos e isso era muito gratificante para mim. Sempre fui um policial excelente, um profissional competente, fiel aos meus princípios e aos meus comandantes. Nunca aceitei nenhum tipo de oferta de quem quer que seja para aliviar qualquer crime ou contravenção ou coisas erradas. Sempre fiz meu trabalho com esmero, com empenho, com amor, com prazer, nasci para isso, sempre gostei de trabalhar, a PM é minha paixão, gostava do que fazia, tirava os problemas das ruas, fazia o meu papel bem feito e com prazer. Prendi muito traficante que acabava com lares, larápios que subtraiam das pessoas em poucos minutos o que conseguiam com muito suor em anos, prendi estupradores, receptadores, homicidas e muitos outros tipos de bandidos, os mais variados tipos de criminosos.

Todos os dias deixava meus entes queridos em casa, para proteger a sociedade, sem saber se voltaria com vida para o seio de minha família. Ficava feliz quando cumpria com capricho o meu dever.

No inicio do ano de 2006, fui transferido por interesse do serviço para a Cia-PM da cidade de Aragarças-Go, por ser possuidor do curso de ROTAM e que poderia passar meus conhecimentos aos demais policiais da Cia , pois era de interesse do comandante da Cia PM que se montasse um GRUPO DE PATRULHAMENTO TÁTICO ( GPT ), na cidade de Aragarças-GO. E foi o que aconteceu.

Só que antes que se ajustasse a burocracia para que se montasse o Grupo, trabalhei nas viaturas de área. E logo que cheguei à cidade tratei de me apresentar as autoridades , bem como aos comerciantes , pois teriam um aliado para combater a criminalidade da cidade, pois com minha experiência e conhecimentos teria muito a ajudar. Primeiro trabalhei com o SD FERNANDO, o qual me apresentou ao secretário do prefeito onde tive acesso ao mesmo, me apresentando e me oferecendo para o que precisasse. Depois me apresentei ao MM Juiz Dr. Cristian de Assis, ao Promotor Dr. Danni Salles, aos componentes do conselho tutelar, à Promotora ambiental Drª Vânia Marçal de Medeiros e aos comerciantes locais.

Quando me apresentei à Promotora ambiental Drª Vânia Marçal, a mesma se disse ter se identificado comigo e que queria me conhecer melhor, repassando até o seu telefone particular a mim e pedindo que eu ligasse para ela ou comparecesse mais ao seu gabinete para que nos conhecessemos melhor. Deixei meu numero de telefone para que se a promotora precisasse de algum apoio em que estivesse ao alcance de meu trabalho a mesma ligasse. Esta digníssima promotora já havia tentado ter um relacionamento amoroso com o ex delegado e ex prefeito da cidade de Aragarças, sendo rejeitada pelo mesmo , tomando por atitude de vingança pela rejeição, a atitude de ter pedido a prisão do prefeito por improbidade administrativa, sendo o mesmo sido preso e ficando apenas um dia detido na Cia da PM de Aragarças e logo após sido liberado por falta de provas, o próprio prefeito relatou ter sido por motivo de vingança sua prisão, e relatou para a imprensa na época. Relacionou-se também amorosamente com outros dois policiais da policia ambiental, sendo um deles o Cb. Odésio.

Tendo eu deixado meu número de celular, ela achou que eu teria me interessado por ela afetivamente e começou a ligar para mim e insistentemente me convidando a ir até seu gabinete para que conversássemos e até sair após seu horário de trabalho, sendo que eu achando se tratar de trabalho a atendia prontamente e a mesma ao me ter em sua presença não tratava de assuntos profissionais e sim pessoais, como me chamando para sair, almoçar juntos e começar uma estreita relação. Sendo que em um destes dias eu aceitei o convite dela para almoçarmos juntos após uma manhã de trabalho. Ao retornarmos ao gabinete da mesma, logo à frente do local ela me deu um beijo, assustei com a atitude dela e pedi que ela não mais fizesse, pois estava confundindo as coisas. A Drª teve como ofensa, sentindo-se rejeitada. Só que mesmo assim continuou insistentemente ligando para mim para que conversassemos sobre o ocorrido e que esclarecessemos , só que eu não mais quis saber de atendê-la, tendo que chegar ao ponto de até trocar de número de telefone. Até que a mesma desistisse de insistir no que havia começado, vendo que não chegaria a lugar algum, pois eu não mais a atendi.

Após os acontecimentos com a promotora Drª Vânia Marçal que era promotora ambiental, o Dr. promotor Danni Salles foi transferido da cidade e chegou uma nova promotora para substituí-lo na promotoria de justiça, era a Drª. Fabiana Cândido.

Onde eu me apresentei também a ela e ofereci meus serviços, tendo assim gostado afetivamente da Drª Fabiana e a Drª Fabiana de mim, sendo que através da conselheira tutelar dona Regina, que era amiga da promotora eu aproximei ainda mais da Drª Fabiana e ela gostando de mim repassou o número de seu celular particular para que mantivéssemos contato. Dias se passaram e já estávamos íntimos, onde nos comunicavamos todos os dias e em vários horários, tendo eu mandado flores para a Drª Fabiana em seu local de trabalho por duas vezes e uma vez em seu apartamento. Logo estavamos tendo um relacionamento amoroso, saindo para almoçarmos e jantarmos juntos, inclusive indo ao apto da Drª Fabiana. Fazíamos até planos para sairmos da cidade de Aragarças, sendo transferidos para que nos uníssemos em matrimônio, nós tínhamos interesses comuns de nos mudarmos para Goiânia. Diante destes planos, a Drª Fabiana tirou férias indo para a casa de sua família, sendo assim substituída pela promotora ambiental Drª Vânia . Foi onde a Drª Vânia demonstrou sua ira perante o ocorrido entre eu e ela. Se irritando comigo por estar namorando a Drª Fabiana. Eu me senti perseguido pela promotora, já que ela tinha o poder das decisões no Ministério Público vindo assim a me prejudicar, tendo todas as ocorrências que estariam sendo feitas contra os policiais do GPT, ela queria atribuir a culpa da ação a mim, induzindo a delegada a fazer os procedimentos contra mim, além do previsto. Como ocorrências de abuso de autoridade que me acusavam, ela determinava que a delegada transformasse os inquéritos de abuso de autoridade em tortura, tanto é que quando chegava nas mãos no MM Juiz e ao ouvir as vítimas e testemunhas , via-se que não se configuravam nenhuma tortura e nem abuso de autoridade , assim fui percebendo a perseguição que estava sofrendo pela promotora e cheguei até a pedir transferência da cidade. Só que antes de ser transferido e de a promotora titular retornar , a Drª Vânia Marçal armou uma situação para que eu fosse preso, isso tudo por motivo de ciúmes , motivos amorosos, de sentimento de rejeição, acabou-se com vidas de profissionais com a prisão dos pertencentes do grupo de patrulhamento tático.

No dia 14 de fevereiro de 2008 eu fui preso em um prisão preventiva, acusado de um duplo homicídio, de uma tentativa de homicídio e de formação de quadrilha. Na época morava com minha mãe, irmã e dois sobrinhos. Fui preso juntamente com mais quatro policiais, sendo dois oficiais, um 1º TEN., um 2º TEN., e mais dois soldados.( Ten. Camilo, Ten. Gustavo , Sd Fernando e Sd Diniz. ). Fomos acusados de grupo de extermínio. Isso tudo devido a uma promotora que queria se vingar de um homem, o qual não a quis como namorada.

Fomos presos e isso foi um choque enorme para todos, fomos acusados de muitas coisas que não cometemos, que não tínhamos envolvimento e nem culpa. Foi feita nossa prisão somente por um depoimento de um indivíduo que nos seus relatos ao ministério público e ao Juiz disse ter feito uso de entorpecentes ( PASTA BASE DE COCAÍNA ) e álcool ( PINGA ) de 15 A 20 minutos antes dos fatos. Este indivíduo me acusa de estar no local dos fatos e de ter me visto realizando os disparos contra as pessoas que se encontravam naquele recinto. Primeiro ele disse ter me reconhecido pelo andado, depois pela voz, depois pelo capacete que estaria usando, pois o capacete que um dos atiradores estaria usando é semelhante ao que a ROTAM usa em Goiânia. Já que o MP e a delegada teriam certeza de que fui eu quem realizou os disparos, porque não me prenderam em flagrante delito e realizaram os exames de praxe, como: residuográfico de chumbo. Busca e apreensão em minha residência. Não, nada disso foi feito, pois queriam, o MP e a Delegada, prender todos que elas não gostavam, se tornou questão pessoal. Assim sendo, cometeram uma enorme injustiça, prendendo pais de família que cumpriam com suas obrigações. Deixaram para realizar as prisões dias depois do ocorrido para prenderem outras pessoas que não foram citadas pelo individuo no primeiro instante.

Fomos pronunciados pelo MM Juiz de Direito da comarca de Aragarças, Dr. Vinicius Caldas Gama. Esta referida autoridade namorou a Drª Fabiana Cândido, que era a promotora com quem eu tive um relacionamento. Eles namoraram no decorrer do processo, aí ele descobriu que eu havia tido um relacionamento com ela e ficou grilado, foi onde ele ficou irado com ciúmes e chamando a atenção dela e enchendo o saco dela, sendo que ela não mais aguentou a pressão dele e terminou o relacionamento com ele. Devido a tudo isso ele ficou com raiva e nos pronunciou por crimes que não cometemos, condenados a ir a júri popular por consecutivos erros de autoridades que deveriam promover a justiça. Tudo injustiça, perseguição, foi tudo muito estranho, todos os recursos que nossos advogados empetravam eram negados, pois as autoridades que nos prenderam interferiam nas decisões, contatando com quem iria decidir sobre os pedidos. Estas pessoas são muito coorporativas. Foi tudo muito desgastante para nós e para nossas famílias.

Houve uma inspeção do MP no presídio militar e constataram que o presídio não oferecia segurança para nós e se juntaram 14 promotores do estado e assinaram um pedido para o MM Juiz da comarca de Aragarças, pedido este para que fossemos transferidos para a Penitenciária Federal de Campo Grande MS, onde o MM Juiz da comarca de Aragarças aceitou prontamente e requereu vagas ao juiz Federal corregedor responsável pela Penitenciária, que aceitou o pedido dizendo que havia vagas para nós naquele estabelecimento penal. Ao saber que seríamos transferidos eu fugi do presídio militar e fiquei como desertor da PM-GO, me localizaram 20 dias depois em uma cidade situada no estado do RN, chamada Tibau, próxima a cidade de Mossoró, onde a PM-2 ( serviço de inteligência da PM), me recapturaram. Como eu já pertencia ao sistema Penitenciário Federal, fui transferido diretamente para a Penitenciária Federal de Campo Grande MS, onde fiquei por dois anos.

Com o passar dos tempos, amigos fizeram investigações e descobriram que tudo se tratou de uma armação para que fossemos presos. Pois a incompetência da polícia civil que era responsável por investigar os crimes ocorridos na cidade, não acertaram em nada. Pois foi mais fácil para eles indicar os suspeitos do que investigarem, pois fomos presos sem investigação.

Descobrimos que se tratava de uma armação porque a mãe do indivíduo da tentativa de homicídio, procurou minha família e disse que queria falar a verdade. Que quando o indivíduo foi alvejado e conduzido ao pronto socorro de Barra do Garças, a mãe dele o acompanhou o tempo todo em que ele esteve lá, e presenciou os acontecimentos, dizendo ter presenciado a delegada Drª Azuen Magda Albarello juntamente com a Drª Vânia Marçal e mais ou menos uns oito a dez policiais vestidos de preto coagindo e oprimindo o filho dela a dizer que ele teria me visto no local realizando os disparos, pois já sabiam que teria sido eu o autor dos disparos, que só queriam que ele confirmasse. Que se ele confirmasse o que eles queriam, dariam todo apoio necessário a ele, o colocando no programa de proteção a testemunhas, que ele receberia um salário todo mês, uma casa bem longe da cidade de Aragarças, proteção, e o que mais precisasse. Que a mesma presenciou tudo e ele disse que não teria visto nada porque os homens chegaram atirando e não deu tempo de prestar atenção em nada, pois saiu correndo e ainda foi alvejado em uma das nádegas. Só que diante da pressão psicológica sofrida o mesmo aceitou a proposta feita pela promotora, delegada e dos policiais que ajudaram a pressioná-lo.

Que três dias depois resolveu dar seu depoimento em juízo e relatou tudo o que mandaram ele dizer. Foi onde o MM Juiz mandou prender preventivamente os policiais do GPT, baseado no depoimento de Wesley.

Assim descobrimos pela própria mãe de Wesley, que tudo se tratou de uma armação para que se justificassem os homicídios que não tinham respostas na cidade e que haviam buchichos de que poderiam ser policiais , pois não se descobriam quem eram os autores dos crimes. Assim, de nada adiantou a prisão dos policiais, pois os homicídios continuaram com a mesma frequência.

Foi marcado os dias para nosso julgamento, depois de três anos de cárcere. Fizeram assim: o primeiro julgamento, SGT CELSO, dia 22 de março. 2º, TEN. GUSTAVO E SD MOREIRA, dia 23 de março.3º, SD VANDIR E SD DINIZ, dia 24 de março e por último TEN. CAMILO E SD FERNANDO, DIA 12 de maio de 2011. Fui julgado e condenado por um dos Homicídios a pena de 16 anos e 04 meses de reclusão. Absolvido no outro homicídio. Desqualificado na tentativa de homicídio e condenado por formação de quadrilha a três anos e meio de reclusão.

O TEN. GUSTAVO E O SD MOREIRA, foram absolvidos.

O SD VANDIR E SD DINIZ, foram absolvidos.

E O TEN. CAMILO e SD FERNANDO também foram absolvidos.

Agora eu pergunto, como condenam um homem por formação de quadrilha, uma pessoa só ? isso não existe, pela lei quadrilha é formada por quatro pessoas acima. E quem matou o outro homem? Estranho né ? Agora tem que acharem quem cometeu o outro homicídio. E agora ? Uma sequência de erros. Fica aí meu depoimento, o verdadeiro. Como brincam com a vida dos outros. É brincadeira. Obrigado pela atenção.

CELSO PEREIRA DE OLIVEIRA

domingo, 22 de maio de 2011

Desabafo de um Promotor.

Nada é tão ruim que não possa piorar.
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Enviadas:Sexta-feira, 6 de Maio de 2011 20:48:37
Assunto: NOVA LEI SOBRE PRISÃO

Caros colegas, após 15 anos de atuação na área criminal estou
pensando seriamente em abandonar a área com a nova LEI 12.403/2011
aprovada pelo CONGRESSO NACIONAL e sancionada em 05/05/2011 pela
Presidente DILMA ROUSSEF e pelo Ministro da Justiça JOSÉ EDUARDO
CARDOZO.

Quem não é da área, fique sabendo que em 60 dias (05/07/2011) a nova
lei entra em vigor e a PRISÃO EM FLAGRANTE E PRISÃO PREVENTIVA SOMENTE
OCORRERÃO EM CASOS RARÍSSIMOS, aumentando a impunidade no país. Em
tese somente vai ficar preso quem cometer HOMICÍDIO QUALIFICADO,
ESTUPRO, TRÁFICO DE ENTORPECENTES, LATROCÍNIO, etc.. A nova lei trouxe
a exigência de manter a prisão em flagrante ou decretar a prisão
preventiva somente em situações excepcionais, prevendo a CONVERSÃO DA
PRISÃO EM FLAGRANTE ou SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA em 09 tipos
de MEDIDAS CAUTELARES praticamente inócuas e sem meios de fiscalização
(comparecimento periódico no fórum para justificar suas atividades,
proibição de frequentar determinados lugares, afastamento de pessoas,
proibição de de se ausentar da comarca onde reside, recolhimento
domiciliar durante a noite, suspensão de exercício de função pública,
arbitramento de fiança, internamento em clinica de tratamento e
monitoramento eletrônico).

Para quem não é da área, isso significa que crimes como homicídio
simples, roubo a mão armada, lesão corporal gravíssima, uso de armas
restritas (fuzil, pistola 9 mm, etc.), desvio de dinheiro público,
corrupção passiva, peculato, extorsão, etc., dificilmente admitirão a
PRISÃO PREVENTIVA ou a manutenção da PRISÃO EM FLAGRANTE, pois em
todos esses casos será cabível a conversão da prisão em uma das 9
MEDIDAS CAUTELARES acima previstas. Portanto, nos próximos meses não
se assuste se voce encontrar na rua o assaltante que entrou armado em
sua casa, o ladrão que roubou seu carro, o criminoso que desviou
milhões de reais dos cofres públicos, o bandido que estava circulando
com uma pistola 9 mm em via pública, etc.

Além disso, a nova lei estendeu a fiança para crimes punidos com até
04 anos de prisão, coisa que não era permitida desde 1940 pelo Código
de Processo Penal! Agora, nos crimes de porte de arma de fogo, disparo
de arma de fogo, furto simples, receptação, apropriação indébita,
homicídio culposo no trânsito, cárcere privado, corrupção de menores,
formação de quadrilha, contrabando, armazenamento e transmissão de
foto pornográfica de criança, assédio de criança para fins
libidinosos, destruição de bem público, comercialização de produto
agrotóxico sem origem, emissão de duplicada falsa, e vários outros
crimes punidos com até 4 anos de prisão, ninguém permanece preso (só
se for reincidente). Em todos esses casos o Delegado irá arbitrar
fiança diretamente, sem análise do Promotor e do Juiz. Resultado: o
criminoso não passará uma noite na cadeia e sairá livre pagando uma
fiança que se inicia em 1 salário mínimo! Esse pode ser o preço do
seu carro furtado e vendido no Paraguai, do seu computador receptado,
da morte de um parente no trânsito, do assédio de sua filha, daquele
que está transportando 1 tonelada de produtos contrabandeados, do
cidadão que estava na praça onde seu filho frequenta portando uma arma
de fogo, do cidadão que usa um menor de 10 anos para cometer crimes,
etc.

Em resumo, salvo em crimes gravíssimos, com a entrada em vigor das
novas regras, quase ninguém ficará preso após cometer vários tipos de
crimes que afetam diariamente a sociedade. Para que não fique qualquer
dúvida sobre o que estou dizendo, vejam a lei.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm

Também para comprovar o que disse, leiam o artigo do Desembargador
FAUSTO DE SANCTIS sobre a nova lei, o qual diz textualmente que "com a
vigência da norma, a prisão estará praticamente inviabilizada no
país":

http://advivo.com.br/blog/luisnassif/de-sanctis-e-o-codigo-de-processo-penal


GIOVANI FERRI, Promotor de Justiça de Toledo-PR.

sábado, 14 de maio de 2011

PMs de Aragarças são absolvidos por júri

Dois policiais militares do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) de Aragarças, município localizado a 410 quilômetros da capital, na divisa com o Mato Grosso, foram absolvidos, na madrugada de ontem pelo 2º Tribunal do Júri de Goiânia, pelo assassinato de João Paulo Sales Bezerra e Rosilvado José de Almeida e pela tentativa de homicídio de uma terceira pessoa, em 11 de fevereiro de 2008. O corpo de jurados entendeu que não foram apresentadas provas da participação de Neydimar da Silva Camilo e de Odair da Silva Camilo nos crimes.

O julgamento foi realizado em Goiânia a pedido do Ministério Público, que temia que os réus pudessem atemorizar os jurados da região. Além de Neydimar e Odair, foram acusados dos crimes outros cinco policiais. Porém, Celso Pereira de Oliveira, Gustavo Rocha, João Oliveira, Vandir Silva e João Oliveira Diniz Júnior foram levados a julgamento em março passado. Apenas Celso foi condenado. Ele foi sentenciado a 19 anos e 10 meses de reclusão.

Os PMs foram acusados pelo órgão ministerial de integrar um grupo de extermínio na região de Aragarças. De acordo com a denúncia do MP, a onda de assassinatos teria começado em março de 2007. Os policiais supostamente atuavam em dupla, sempre comparecendo ao local dos crimes em uma motocicleta. Os demais envolvidos acobertariam os homicídios quando estavam de serviço.

Os crimes, conforme a peça acusatória, seriam encomendados pelo tenente Neydimar da Silva Camilo, que era o comandante da viatura usada nos homicídios. Acolhendo tese da defesa, feita pelo advogado Ricardo Naves, contudo, tanto Neydimar quanto Odair foram considerados inocente das acusações.

BarConforme a peça acusatória, as vítimas do processo julgado ontem pelo 2º Tribunal do Júri, presidido pela juíza Maria do Socorro de Sousa Afonso da Silva, estavam em um bar, na Avenida João Alberto, em Aragarças, quando uma moto Biz vermelha se aproximou. O passageiro, no caso o sargento Celso, desceu. Ele teria determinado a todos que estavam no local que se deitassem no chão. João Paulo e um amigo, que eram os alvos, saíram correndo. O primeiro morreu no local, mas o outro, mesmo tendo sido ferido, fugiu. Rosilvado foi morto porque viu o PM.

A exemplo do que fez ao longo do processo, o rapaz que quase foi morto foi quem garantiu ter reconhecido Celso como o autor dos disparos. Foi o depoimento dele, no último dia 22 de março, que garantiu a condenação do PM. Por segurança, a vítima foi incluída no Programa de Proteção a Testemunha, do Ministério da Justiça.

FONTE: www.opopular.com.br